faceboook

A função da brincadeira no desenvolvimento infantil, segundo Vygotsky


Para Vygotsk, o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da zona de desenvolvimento proximal, que é o “ caminho que a criança vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real”.(VYGOTSK apud BARROS).

Este teórico considera o brinquedo uma importante fonte de promoção de desenvolvimento. Apesar de não ser o aspecto mais predominante da infância, o brinquedo exerce uma enorme influência no desenvolvimento infantil.

O brinquedo dá origem a situações imaginárias que aos poucos vai auxiliando a criança a se libertar das limitações da percepção das situações concretas em que ela se encontra, permitindo-lhe atuar a partir de representações mentais. Conflitos e tensões entre os desejos infantis e suas limitações grandemente impostas pelos adultos, são resolvidos no brinquedo. (BARROS, 1996).

Sendo a brincadeira uma atividade que não visa a um resultado, seu objetivo está na ação em si mesma, e o brinquedo a principal atividade, não pela quantidade de tempo em que a criança dele se ocupa, mas pela sua relação com o desenvolvimento psíquico infantil.

Nas situações de brincadeira, a criança cria uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Esta é, aliás, a característica que define o brinquedo de um modo geral. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso.

A brincadeira representa a possibilidade de solução do impasse causado, de um lado, pela necessidade de ação da criança e, de outro, por sua impossibilidade de executar as operações exigidas por essas ações. “A criança quer ela mesma guiar o carro; mas não pode agir assim, e não pode, principalmente porque ainda não dominou e não pode, dominar as operações exigidas pelas condições objetivas reais da ação dada” (Leontiev, 1988, p.121). Assim, através do brinquedo, a criança projeta-se nas atividades dos adultos, procurando ser coerente com os papéis assumidos.

Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e processos de desenvolvimento. (REGO, 1996.)